terça-feira, 15 de dezembro de 2009

CULTURA ESCOLAR

Segundo Carvalho a educação é hoje um dos principais veículos de socialização, de promoção do desenvolvimento individual e transmissor de cultura.
O autor assinala que, a cultura é um fator decisivo no funcionamento organizacional. A cultura distingue cada organização das restantes e agrega os membros da instituição em torno de uma identidade partilhada. Para ele a cultura é fundamental na criação de uma linguagem e categorias comuns, que permitem aos membros comunicar eficazmente, como também na definição de critérios de inclusão ou de exclusão do grupo e no estabelecimento de relações de intimidade e amizade.
O autor diz que, a cultura perpetua-se e reproduz-se através da socialização dos novos membros que entram no grupo.
Para Carvalho a educação escolar contribui para a interiorização dos valores da sociedade no indivíduo. Ela indica os rumos pelos quais a sociedade trilhará o seu futuro, pois a educação é influenciada cada vez mais por fatores socioeconômicos e políticos, e é nesta conjuntura participativa que cresce o seu papel em relação ao desenvolvimento como compromisso social.
Em seu texto menciona que o princípio da homogeneidade (das normas, espaços, tempos, alunos, professores, saberes e processos de inculcação) constitui uma das marcas mais distintivas da cultura escolar.
Com isso associaram-se novas tendências e modificações no âmbito do Sistema Educativo, designadamente, uma progressiva autonomia das escolas, aos níveis pedagógico, curricular e profissional, que proporcionaram um maior enfoque ao nível da escola enquanto unidade específica e única.
Segundo o autor as organizações escolares, produzem uma cultura interna que lhe é própria e que exprime os valores e as crenças que os membros da organização partilham. Produzem uma cultura interna que as diferenciam umas das outras.
No texto “A volta de um personagem do século XVI ao Brasil”, temos a história de um professor brasileiro do século XVI que voltou a Terra no século XX e que ficou abismado com que viu. Então preocupado com as mudanças da sociedade, este professor visitou a cidade inteira e cada vez menos compreendia o que via. Até que este professor resolve visitar uma escola e percebeu que durante todo esse tempo de mudanças na sociedade, a escola continuava da mesma forma.
Refletindo sobre o texto de Carvalho e o texto “A volta de um personagem do século XVI ao Brasil”, pode-se perceber que as mudanças sociais andam em ritmo acelerado, alguns fatores positivos e outros negativos.
Do século XVI ao século XX, temos um grande avanço da ciência e da tecnologia, e com isso várias instituições passaram por mudanças, como a Igreja, que no século XVI o padre rezava em latim, como também na Família, que perdeu momentos de diálogos, de interação, com o surgimento de vários aparelhos eletrônicos, no caso relatado no texto à televisão.
Mas uma instituição social que é a escola trouxe certa tranqüilidade ao personagem, pois apresentava uma estrutura organizacional tradicional, sem muitas mudanças. No texto é citado: “as carteiras, umas atrás das outras, o professor falando, falando, falando... e os alunos escutando, escutando, escutando...”
E isso leva a um questionamento, será que estes alunos estão adquirindo conhecimento e aprendizagem?
Nós temos diversas perspectivas quanto à cultura escolar e podemos perceber, nesse relato do professor do século XX, que as perspectivas funcionalistas e estruturalistas é que se apresentam. Na perspectiva funcionalista, a instituição educativa é um simples transmissor de uma cultura definida nos seus princípios, finalidades e normas pelo poder político, que muitas vezes não leva em consideração as necessidades da comunidade escolar. Na perspectiva estruturalista, a cultura escolar é produzida através da modelização das suas formas e estruturas, como planos de estudos, o modo de organização pedagógica, as disciplinas, etc.
Por este motivo, penso que não houve um estranhamento por parte do professor quando entrou em uma determinada escola, pois as estruturas e organizações escolares eram ainda muito similares com uma escola do século XVI.
Já na perspectiva interacionista, a cultura escolar é a cultura organizacional da escola. Nessa perspectiva, cada escola é única, pois ela interage com um conjunto de práticas, valores e crenças que são partilhados por todos que compõem a escola.
É de suma importância toda a legislação educacional produzida pelo Governo para administrar as escolas dentro de um Estado, mas o Projeto Pedagógico é o retrato da escola, é a identidade da escola.
O Projeto Pedagógico contêm as necessidades da escola, os objetivos, as metas a serem atingidas, quem faz parte da escola, quem esta escola atende, quais são os atores participantes da escola, em que comunidade está inserida, a cultura da comunidade escolar, quais são os projetos, os sonhos e os planos de ações.
E para que este Projeto Pedagógico tenha vida, é necessário na sua elaboração, a participação de todos os atores da comunidade escolar, para que os mesmos possam sentir que o Projeto faz parte deles e possam fazer a sua parte para que o todo se concretize.
É através do Projeto Pedagógico que temos a socialização, a uniformização das regras, a igualdade de oportunidades, a transmissão cultural e a escola adquiri uma cultura própria.


Bibliografia:

Nome do arquivo: Cultura escolar e cultura da escola/ Nome do Artigo: Cultura global e contextos locais: a escola como instituição possuidora de cultura própria – Renato Gil Gomes Carvalho.
Texto: “A volta de um personagem do século XVI ao Brasil” – Revista “Presença Marista” – nº 52, 1987.

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